25 de jun. de 2014

Que Marravilha!


 A famosa culinária francesa influencia bastante o que comemos hoje em nossos melhores restaurantes. Não tanto pelos ingredientes, já que o que se procura atualmente é a valorização dos ingredientes locais como expressão da cultura do país, mas pela técnica. Há realmente muita ciência e disciplina por trás daquelas comidas maravilhosas que fazem a fama da França, assim como seus vinhos. Que o diga Flávia Pessoa, a futura famosa chef de cozinha, que após se formar, com honras, no Le Cordon Bleu de Paris, está em Reims, na França, estagiando no Le Crayères. Um restaurante duas estrelas do Guia Michelin.

Já no Brasil há quase 30 anos o francês Claude Troigros, oferece em seu restaurante Olympe (pronuncia-se Olâmpe) o melhor que se pode esperar do que se conhece como alta gastronomia. Utiliza técnicas provenientes da culinária francesa no preparo de muitos pratos que têm como base ingredientes locais. A definição do que se come ali, para mim, só pode ser traduzida por uma única palavra: emocionante. São combinações, algumas inusitadas (como a vieira grelhada com doce de leite), que resultam em sabores extraordinários.

O restaurante, que fica entre a Lagoa e o Jardim Botânico é de ambiente discreto, sóbrio, com paredes de tijolos aparentes e madeira. O salão tem 42 lugares e o serviço, perfeito.


Começamos (eu e Elaine, minha esposa) o jantar pelo couvert: biscoitos de polvilho com curry, pão quentinho e manteiga gostosa.


O amuse bouche foi uma espécie de mini-folhado de mexilhão. Enquanto degustávamos as entradas decidimos pela opção "A Criação", na qual pode-se escolher 4 pratos + 1 sobremesa. Para acompanhar os pratos fomos de Côte Roannaise Cuvee Troigrois, um Gamay  produzido pela própria família Troigrois.  foi uma escolha para lá de acertada. Para a sobremesa escolhemos Sauternes Château Roumiel Lacoste, uma delícia.


A sequencia de pratos foi iniciada com o Polvo de Mergulho Prensado e mini legumes "pickles" (aquele lá de cima)  e Vieiras grelhadas, carpaccio de palmito, doce de leite e farofa de palmito. O polvo, não foi o melhor da noite, mas indubitavelmente foi o melhor polvo que eu comi na vida. Já a vieira, a vieira...estava divina! Surpreendente! Como o polvo, também foi a melhor que eu comi.


Em seguida, foie gras com peras ao vinho tinto, torrada de focaccia e molho agridoce. Sem palavras!


Depois, cherne com banana d’água caramelizada, molho de passas, cebola, limão e ervas, purê de batata baroa.


Também teve cavaquinha confit na manteiga de garrafa com favas de baunilha da Bahia, dedo de moça e batata crisp. Uma combinação que nos leva a algum lugar entre o real e o imaginário. 


Na sequencia o leitão crocante, farofa panko-cacao, maçã fuji assada fecharam a experiência com os pratos. O leitão estava delicioso, mas não à altura dos pratos anteriores.


De sobremesa creme brulée, mousse de chocolate apimentada e palito de doce de leite.

Bem, é ou não é de se emocionar?

Aproveitem a vida!

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Serviço:

Rua Custodio Serrão, 62 - Lagoa, RJ
Telefone: (21) 2537-8582
http://www.claudetroisgros.com.br/ 

21 de jun. de 2014

Bar do Momo



O Momo, no mome do bar não é à toa. Nos idos de 1972 um Rei Momo, figura mítica do carnaval, abriu o referido bar. Em 1986 o bar foi adquirido por Antonio (pai) e hoje quem brilha na cozinha é o Toninho (filho).

Localizado na Tijuca, o pequeno bar de mesas espalhadas pela calçada presenteia os clientes com banheiros  limpos e serviço atencioso; pontos fortíssimos para os dias de hoje, em que em muitos lugares não se preocupam, de fato, com o bem estar dos clientes. A imagem de São Jorge em seu cavalo faz parte da decoração e as cachaças especiais estão lá expostas nas prateleiras.

Chegamos (eu, Elaine e Flavinha) por volta das 13:00h e o meu amigo Adriano estava lá segurando uma mesa. Já cheguei pedindo o desejado hambúrguer de contra-filé, que dias atrás meu irmão havia indicado. Porém, qual foi a minha surpresa quando fui comunicado que hambúrguer só a partir das 15:00h, quando o Toninho chagaria ao bar.

Enquanto aguardávamos a chegada do Toninho, resolvemos nos aventurar em outras delícias do cardápio. Começamos com um joelho de porco defumado acebolado e farofa. Depois fomos de bolinho de arroz recheado com linguiça e queijo, bolinho de aipim com camarão, pastel de carne e Atolei no Momo (costela bovina sob creme de mandioca gratinado com queijo parmesão e doritos). Todos corretos saborosos.

Toninho, felizmente, chegou às 14:00h e foi quase que imediatamente para cozinha para preparar o esperado hambúrguer. Aí, meus 2 ou 3 leitores, chegou o astro da tarde: hambúrguer de contra-filé, queijo meia cura, medalhão de bacon, ovo caipira e cebolas fritas. Fantástico!! A versão lá da primeira foto é do hambúrguer duplo (já que estávamos em 3 pessoas). O hambúrguer estava perfeito! Saboroso, farto, rosado por dentro, suculento, oloroso.
Para acompanhar todos os comes fomos de cerveja bem gelada.

Atenção! Toda esta maravilha tem que ser paga em dinheiro! O bar não trabalha com cheques nem cartões.

Aproveitem a vida!

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Serviço:

Rua General Espírito Santo Cardoso, 50 - Tijuca, Rio de Janeiro - RJ
Telefone: (21) 2570-9389
https://www.facebook.com/bardomomotijuca

6 de mai. de 2012

Gero e fim de férias

  
Prezados, que saudade!
Desde o meu último texto, em 11/01/11, que eu não conseguia parar um pouco para escrever as tão prazerosas linhas que escrevo agora, sobre um assunto pelo qual sou apaixonado: comida. 
O nascimento de uma filha e a mudança de emprego (não vivo do que escrevo aqui. Apenas o faço por prazer e para o deleite dos meus 2 ou 3 leitores) foram determinantes para o meu temporário afastamento.
Pelo menos o meu parceiro de blog, Vinícis Villas Boas, tirou as teias de aranha do Diário com um texto fabuloso sobre o Nova Capela. Sou fã do Vinícius! Adoro a maneira como ele escreve!

Mesmo sem postar nada aqui, permaneci atento às experiencias gastronômicas e tirei muitas fotos. Fotos estas que trarei aqui, gradativamente, acompanhadas dos seus respectivos relatos sobre percepções, aromas, cores e sabores. 

Hoje vamos de Gero!

Desde que vi a foto da gema mole sobre queijo de cabra quente sobre batata triturada na edição 2011/2012 da revista Comer e Beber (Veja Rio - Edição Especial) não consegui parar de pensar no dia em que eu ficaria frente a frente com aquela maravilha.
Pois na ocasião ideal, era quarta-feira, fomos eu e Elaine, minha esposa, jantar no Gero.
Pensei - Não preciso fazer reserva. Um restarante caro destes, num dia de semana, deve estar bem vazio. Realmente, ao chegarmos não tivemos dificuldade em nos acomodarmos. Porém, no decorrer da refeição percebemos o crescente número de clientes engrossando a lista de espera.

O ambiente da casa é um pouco escuro, com alguns spots estrategicamente posicionados. Nas paredes, tijolos aparentes. Nas converas, o tom de voz adequado. Achei o ambiente chic sem ser luxuoso. Sem intimidar. Para mim, após um dia de trabalho, estava perfeito.

Pães quentinhos e gostosos trazidos à mesa, juntamente com pastas e azeite, foram boas companhias enquanto eu aguardava a entrada mostrada na foto que abre o post, que quando chegou surpreendeu meu paladar e superou, em muito, as minhas expectativas. Não adianta tentar reprodizir a gema com queijo de cabra e batata em casa; é perda de tempo.

O serviço em nada lembra a pressa, quase truculência e falta de gentileza de muitos restaurantes aqui do Rio. Um garçom muito atencioso e simpático ficou responsável por nos atender.

 Para o prato principal, costeleta de cordeiro com foie gras, risoto de açafrão e trufas negras. Sabores perfeitos!  O prato estava realmente delicioso e o acompanhamento ficou por conta de um Pinot Noir, francês, do qual infelizmente não me recordo o nome.
Para finalizar, petit gâteau de massa de amêndoa e recheio de chocolate branco e limão-siciliano. Divino!

O preço desta maravilha toda é salgado, mas é bem mais barato do que pegar um avião para jantar na Itália.

Aproveitem a vida!

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*Serviço

Gero - Rua Aníbal de Mendonça, 157 – Ipanema - Tel: 2239-8158

28 de set. de 2011

Matando a saudade: Nova Capela e Diário de Bar

Hoje é dia de matar a saudade. Matar a saudade de duas coisas. A primeira é a do blog, que não escrevo há uns dois anos. Prometo a mim mesmo que não pararei mais, já que escrever é um dos grandes prazeres que eu tenho, ainda mais sobre comida. A outra saudade a matar é a do restaurante Nova Capela, onde almocei semana passada e não passava por lá há uns três bons anos. Se arrependimento matasse, como deixei de frequentá-lo por tanto tempo?

Para quem não é do Rio, ou é, mas não conhece, o Nova Capela é um restaurante da Lapa, quase centenário que tem o melhor cabrito da cidade. Posso dizer que o leitão também está entre os melhores. O Nova Capela já viveu a época de ouro do bairro e passou pela decadência local, antes do renascimento no final dos anos 90, sem nenhum arranhão, melhor, ainda mais fortalecido.

Neste ano, o restaurante saiu com a avaliação de três estrelas, a maior nota no livro Rio Botequim, da editora Casa da Palavra. Esse livro é lançado todo ano, mas neste ano resolvi dar uma atenção maior a ele. Ou seja, andarei frequentando os bares desse “guia” para matar a saudade de alguns, conhecer outros e “auditar” todos que passar. Confesso que senti falta de alguns, mas como o livro é anual, acredito que já tenham passado por ele ou virão no próximo ano, de acordo com as avaliações. Mas isso não vem ao caso, já que o assunto é o Nova Capela.

Pra variar, a casa estava um pouco cheia, com filinha de uns 15 minutos. Bom sinal, o restaurante ainda continua bem frequentado. Conseguimos mesa para três, perto do balcão e de uma das paredes. A primeira coisa que reparei foi a decoração, que não mudou em nada e continua mostrando o lado nostálgico da Lapa. Pra não dizer que nada mudou, estavam pendurados mais quadros de condecorações e reportagens sobre o Nova Capela. Mais uma prova da qualidade local.

Bom, de entrada, pedimos dois bolinhos de bacalhau para cada um e um chopp da Brahma, bem gelado (como se precisasse dizer isso para o garçom). Pra minha felicidade, vieram os bolinhos em menos de cinco minutos e parecendo uma bola de tênis cada um. Pra minha fome, estava perfeito o tamanho. Nunca havia comido o bolinho de lá! Para quem aguenta o tranco, vai fundo! O bicho vem pelando, crocante por fora e recheado por dentro. Dei aquela quebrada nele, banhei no azeite e fui pro abraço. Perfeito!

Prontos para o jogo, eu e meus amigos fomos de Cabrito, com arroz de brócolis e batatas coradas. A travessa veio caprichada e ainda rolou um potinho com alho frito e uma pimenta, que achei muito fraquinha. Acredito que essa seja minha crítica. A pimenta não tinha gosto.
Já o cabrito, só vendo. Era um negócio meio assustador (de bom), até pra mim, que aguenta a maior das refeições. Vieram três peças uma pra cada um, mas cada uma delas parecia uma tora de uns 600 gramas cada (vide foto). Quase chorei de emoção.

Como curiosidade, o cabrito começa a ser assado no dia anterior, na brasa, por volta das 15h, e o fogo só é apagado quando o restaurante fecha. O resto fica por conta da parede de pedra quente.

A carne tava maravilhosa, e a combinação do arroz de brócolis e da batata corada fica perfeita com ele. Ela desfia no garfo e é altamente saborosa. De tempero, aproveitei o azeite e joguei um acho no arroz, ficou ótimo.

O triste depois é ficar de pé. Aconselho a quem for no Nova Capela, não ter nada marcado para depois, porque a melhor sobremesa é uma dormida, melhor ainda se for no sofá da sala.

Matei a saudade, comi bem demais, fiquei pensando no prato durante alguns dias depois e prometo voltar lá sempre que puder. E falo mais, quem não gosta do Nova Capela ou é maluco da cabeça ou doente do pé.

Crédito para a foto: Romulo Buissa
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Serviço:
Av. Mem de Sá, 96, Lapa
(21) 2252.6228
a partir de 12:00 hs
Dinheiro, Cheque, Todos os Cartões

11 de jan. de 2011

Aconchego



Muito já foi dito, escrito, mostrado, sobre o Aconchego Carioca. 
Sua cozinha é festejada por muita gente boa e o restaurante, que antes era o que hoje é o Bar da Frente, cresceu e apareceu mais ainda.

Eu, particularmente, considero a cozinha irregular. E também acho o restaurante caro para o que oferece. Tanto na cozinha quanto no serviço. Falta um pouco de cuidado no trato ao cliente. Desde o rapaz que organiza a fila de espera ao que traz a conta à mesa.

Mas é apenas uma opinião solta num mar de muitos que batem muita palma para o estabelecimento.

Vamos lá...

O bolinho de feijoada, criação do Aconchego, é sem dúvida um dos melhores petiscos que já comi. Delicioso e inimitável (apesar das tentativas de alguns).  Ele é um tutu um pouco mais grosso, com recheio de couve e bacon. Chega quentinho, acompanhado de caipirinha e torresmo. A porção é de 4 unidades. Atenção, é obrigatório!

Outra delícia indispensável é a muquequinha de camarão com purê de batata baroa e raspas de coco.
Junto com o bolinho de feijoada são entradas perfeitas para os pratos principais, como o bobó de camarão ou o camarão na moranga.

O bobó de camarão estava perfeito! Camarões generosos e tempero no ponto. Para acompanhar, cachaça mineira ou uma das diversas cervejas que a casa oferece.

A moranga decepcionou. Preço alto, apresentação bonita, muita expectativa e pouco sabor. Sorte que ainda tinha muito bobó para compensar.

Para fechar bem a refeição peça queijo coalho com melado.


Aproveitem a vida!

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*Serviço

Aconchego Carioca - Rua Barão de Iguatemi 388 – Pça da Bandeira - Tel: 2273-1035

10 de jan. de 2011

Pípulas - O Tabuleiro da Baiana, tem!


Poucos sabem, poucos vêem.
Tem história de gente que rodou o Rio Sul 3 vezes e não conseguia achar o bendito lugar!
Mas, como um dos objetivos do blog é facilitar a sua vida, então vou dar a dica.

O Tabuleiro da Baiana (http://notabuleirodabaiana.blogspot.com), lugar de gente bamba e de samba do bom fica ali em cima do Rio sul, numa discreta portinha, na avenida Carlos Peixoto, 140, Botafogo. É um pouco depois da Morada do Sol.
Apesar de ter samba todas as semanas, o estabelecimento só abre para o grande público uma vez por mês e mesmo assim a casa está sujeita a lotação. Então é bom dar uma ligadinha para o 2295-7015 antes de sair de casa.

Aproveitem a vida!

Saúde!





Acho eu que muita gente não sabe onde fica o bairro Sáude, aqui no Rio de Janeiro. Digo isso porque sempre que falo que vou dar um pulo até lá vejo caras de espanto me fitando como se eu estivesse indo a algum lugar ainda não descoberto pelo Homem.

Pois, para espanto ainda maior desta gente toda digo que o bairro fica coladinho à Praça Mauá. Aí você pensa: - tudo bem. Mas o que esse sujeito vai fazer na Saúde? E eu respondo: - ouvir samba do bom e esquentar o balcão do Gracioso. Não necessariamente nesta ordem.

O Gracioso é um Botequim daqueles com imagem de São Jorge e tudo. Ali a cerveja é bem gelada, assim como a cachaça mineira Salinas. Deliciosa. Durante o dia o bar serve almoço, com pratos do dia que vão do cordeiro ao polvo, passando pela feijoada e o cozido. À noite é a vez dos tira gostos. Croquetes, bolinhos de bacalhau, risoles e o jabazinho (bolinho de abóbora recheado de carne-seca e empanado com flocos de arroz) são opções. Também servem porções generosas de salame com queijo provolone.

Um dos pontos fortes do bar está do lado de fora. Ele faz esquina com a Pedra do Sal, monumento histórico e religioso que abriga boas rodas de samba às segundas e quartas.

Aproveitem a vida!

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*Serviço

Gracioso: Rua Sacadura Cabral, 97 - Saúde - Rio de Janeiro