8 de jun. de 2009

A velha forma de comer - parte I

Em primeiro lugar gostaria de pedir desculpas pela ausência forçada. Mas a vida particular me exigiu muito em vários setores. Agora, tudo ajeitado, posso retornar aos trabalhos, ou melhor, aos copos, taças, garfo, faca ou com a mão mesmo.
Os mais antenados devem ter percebido que não andei tão parado assim. É só conferir o Twitter. Lá postei algumas pílulas deliciosas. São como entradas para o prato principal que será o texto de cada lugar ali comentado. Aguardem!

Para desenferrujar vou falar do velho continente. Mas especificamente Paris, Roma, Amalfi, Florença, Pisa, Bolonha e Veneza. Após 15 dias de alta-baixa-média gastronomia européia posso dizer que a balança do conceito vs produto ficou equilibrada. Alguns pratos superaram a expectativa e outros nem chegaram perto.

A aventura tem início em Paris, em uma das muitas boulangeries da rede Paul! Nossa!
As pessoas faziam fila para comprar os pães da pequena loja da Champs Élysées. Após fazer a minha escolha entendi o motivo de tamanho interesse. Consigo me lembrar da textura e do sabor do pão de azeitonas pretas e do pão adocicado que comi ali, naquele primeiro dia de velho mundo. A sensação? Bem, foi a de que tinha começado com o pé direito!

O parisiense não desgruda de um pedaço de pão. A qualquer hora do dia ou da noite, seja na bicicleta, metrô, trem ou andando pela rua muitos deles estão com uma bela baguete entre os dedos. A boca cheia e os pescoços protegidos pelos cachecóis são a constante do lugar.

Os restaurantes também estão espalhados por toda a Paris. O George V, na Champs Élysées, tem cardápio convidativo e atendimento simpático. Se descobrirem que você é brasileiro aumenta a simpatia e conseguem até garçom para falar um português pra lá de forçado contigo. Mas isso, na mais alta cordialidade. Muito tinha ouvido falar do mau humor francês. Ouvir sobre isso, ouvi muito. Mas ver...não tive oportunidade. Muito pelo contrário. Só tenho elogios.

Os pratos foram: sopa de cebola com queijo gratinado, scargot e magret carnard (fatias de pato com batata souté e tomate cereja). A sopa, quentíssima, com recheio de pão e generosa quantidade de queijo estava perfeita. Assim como o scargot à la Bourguignonne (lesmas da Borgonha servidas na própria concha com alho,manteiga e salsa) Já o magret...comi melhores aqui no Brasil. Ele chegou à mesa frio e a carne estava dura. O tempero, uma delícia, mas o prato não era só o tempero, não é mesmo?

Nas ruas parisienses se pode encontrar muitos alimentos expostos. A baixa temperatura auxilia na conservação dos peixes, lagostas e outros que ocupam as bancas espalhadas pelas calçadas. Verdadeiras imensidões vermelhas de tomates e morangos, aspargos e as onipresentes ostras também dividem o espaço.

As do restaurante D’ Alsace, na champs Élysées, são deliciosas. Chegam às mesas repousadas em enormes platôs cobertos de gelo. Para uma simples degustação chegam também pão preto, molho, biscoitinhos salgados, manteigas, baguete e água. Para acompanhar, espumante. Perfeito!

Estando em Paris, vale a pena conhecer a área conhecida como Quartier Latin. É uma região bem movimentada, de ruas estreitas e muitos restaurantes. A dica é saltar na estação de metrô Odeon, atravessar a rua e percorrer uma travessa pela qual se acessa o outro lado do Quartier. Lá conheci o restaurante greco-francês Orestias. Atendimento simpaticíssimo e bom preço são os adjetivos. A comida é simples e gostosa. A entrada foi patê de campagne, seguido de costeletas de cordeiro com arroz e batatas fritas como prato principal e queijo brie com manteiga para sobremesa. Para beber, vinho tinto grego.

Lembra-se das ostras do D’ Alsace? Pois voltamos lá para conferir, dessa vez, o prato principal. Como o nome da casa já diz muito sobre o que seria a especialidade, procuramos não arriscar e pedimos a chucrute. Quantos sabores e aromas estavam ali, a minha frente, não sei precisar. Mas a imagem daquele misto de salgados que acompanhei com uma grande caneca de cerveja ficou marcada. Viva a Alemanha!

Nesta viagem não deu tempo de apreciar os queijos franceses como eles merecem. Na verdade seria necessário realizar outra viagem dedicada exclusivamente a eles. São centenas em uma única loja. Seja na rua Mouffetard (fica numa região chamada Jardins des Plantes), seja na loja do bairro. Inesquecíveis! Nos sabores e nos aromas.

Crepes, carrochos-quentes com queijo derretido, kebabs, croqui-monsier (misto quente) e sorvetes são um show à parte. Esses lanchinhos têm que ser feitos. Nem que você coma um de cada. O que não vale é não experimentar de tudo. Surpreenda-se! Um bom crepe salgado (loja Chez Nicos), o melhor sorvete (em frente a loja Chez Nicos) e o melhor chocolate (na mesma rua da loja Chez Nicos) comi na rua Mouffetard. No caso do sorvete e do chocolate (Barthion) também foram os melhores que já experimentei.

Quando não estava bebendo vinho bebia a cerveja local 1664. Pilsen gostosa e suave. Então se pode chegar a conclusão de que bebi pouca cerveja, não é mesmo?

Também provei o Beauf Borguignhon, prato que já tinha encarado nas mesas brasileiras, que tem nome refinado, mas em português é músculo temperado. Esse, na região de Montmartre, foi uma boa saideira.

O próximo texto será sobre os sabores da Itália.

Au revoir.

Trilha sonora:

* Este texto foi escrito no quase silêncio de uma fazenda lá de Silva Jardim. O ambiente perfeito para um grande retorno.


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Um comentário:

Leo Cremonezi disse...

Que bom que vocês voltaram!! Já tenho duas colunas praticamente prontas para postar... uma fala sobre o restaurante Asia, em Santa Teresa! Sinceramente, uma experiência... já a outra fala do bom e velho (e põe velho nisso) bar do gomes, também em Santa Teresa! Assim que eu fizer a revisão, eu mando! Axé e sucesso!