13 de jun. de 2010

Comida Arretada - Paraíba e Rio Grande do Norte



Cachaça gelada! Foi assim que abri os trabalhos num boteco do Mercado Municipal da Paraíba. Aquela que um dia foi a “marvada” hoje não assusta mais. As branquinhas agora são excelentes e merecem respeito.
Enquanto aproveitava do grande privilégio que é poder beber num dia de semana à uma da tarde (estava de férias) observava o lugar com seus cheiros, cores e artesanato. Ah! E as pessoas também, que são simpaticíssimas. Eis que durante a minha contemplação reparei que o cardápio do boteco estava ali, bem na minha frente, escrito em tinta de esferográfica, nos ladrinhos brancos da parede do estabelecimento.
Eu não pretendia mesmo pedir meia porção de nada. Na verdade, àquela hora, nem com fome estava. Mas mesmo que o quisesse, a frase “Não vendo nem dou pedaço de porra nenhuma” já teria me desencorajado.

Como não só de boteco vive o Homem, mais adiante no horário, fui procurar um restaurante. E acabei tendo o privilégio de almoçar com o prefeito de João Pessoa. Alto lá! Não foi bem assim. A verdade é que estávamos no mesmo restaurante: cada um na sua mesa, afinal, ainda não sou tão importante a ponto de dividir mesa com autoridades. O lugar? Adega do Alfredo (Rua Coração de Jesus, s/n, Tambaú). Excelente restaurante do hotel Nobile Inn Royal. O curioso é que estando dentro do restaurante se tem a impressão de que algo está errado! Não com o restaurante, que é bonito, mas com o hotel. Definitivamente um não está integrado ao outro. Como o foco do blog é o prazer de comer e beber, vamos ao restaurante.
Uma grande e negra porta de madeira dá acesso ao crepuscular restaurante. A fraca luz cria o clima para uma conversa mais intimista e acalma. Parece que tudo pára, ou que pelo menos o tempo está passa mais devagar.
Acomodamo-nos numa mesa com sofazinho em frente ao bar do restaurante. Com seu balcão de mármore escuro e madeira negra, iluminação em laranja contrastando com as cores dos líquidos das bebidas repousadas nas prateleiras de vidro, o bar é convidativo. Sendo assim, não resisti ao convite e pedi um whiskynho.
Para acompanhar fui de antepastos servidos no sistema buffet. Pedindo um prato principal ganha-se desconto de 50% no valor da buffet. Presunto cru, salame, pães, mussarela de búfala, beringelas... estava tudo lá. E tudo estava gostoso.
Para o pranto principal, filé de peixe, purê de batata e arroz com brócolis. Simples e delicioso. Para o grand finale fui de petit gateau.

Mas como eu não ao nordeste para ficar comendo filé de peixe com purê, fui tratar logo de dar um jeito nisso. Aí entrou um excelente restaurante regional chamado Mangai. Pra começar, buchada de bode. A trouxa que se forma após a costura do bucho do bode recheado com miúdos do próprio parece um pequeno travesseiro alaranjado. E aí, já viu, né? Junto com a buchada veio paçoca, queijo coalho, guisados de frango e toda a sorte de comidas regionais que se possa imaginar. Um verdadeiro banquete. Para quem desconfia da aparência de um ou outro prato, vale uma dica: as aparências enganam.

A próxima parada foi Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte. Ô, lugar gostoso de se ficar!! Definitivamente é o antídoto para todos os males da vida moderna, que com seus compromissos inadiáveis, nos faz estar sempre atrasados para alguma coisa.

A praia de Tibau do Sul do fica a sete quilômetros de Pipa (que é distrito de Tibau). Com uma diferença: não está na moda. Então, pode-se curtir o lugar sem pressa e sem tumulto. Um lugar que representa muito bem a atmosfera de Tibau é a Creperia Marinas. Fica num píer, no Hotel Marinas (R. Governador Aluízio Alves, 301 - Tibau do Sul). O camarão frito de lá é dos bons e os crepes são apenas corretos. O melhor do lugar é a localização; principalmente ao cair da tarde, no por do sol. Aí é imbatível.

O final da viagem foi em Natal. E lá descobri a melhor tapioca que já comi. Ela mora na Casa de Taipa (Rua Doutor Manoel Augusto Bezerra de Araújo, 130-A, Alto de Ponta Negra). A massa, leve, levíssima! O recheio, abundante e bem temperado e o preço, bem...o preço é acima da média. Mas não dá para ganhar em tudo, não é mesmo?

Tenho por hábito desconfiar de dicas de hotel. Este tipo de esqueminha pode te encaminhar para lugares caros e com muito apelo visual. Coisa pra turista ver! Mas estou mudando...tanto na Europa, quanto no nordeste brasileiro tem valido à pena dar uma conferida nas indicações. Na Argentina me dei mal, mas já falei sobre isso.
Pois o hotel em Natal me indicou o Farofa D’ Água (Avenida Praia de Ponta Negra, 8952) com direito a transporte para levar e trazer! Mais suspeito, impossível! Qual foi a minha surpresa ao chegar num lugar simples e agradável com um prato à base de camarões gigantes e gratinados à R$49,00, para 3 pessoas! Quero voltar lá correndo! Estava delicioso!

Aproveitei que estava na terrinha para experimentar a tão falada Cajuína (bebida sem álcool á base de suco de caju). Encontrei a bebida ao rodar a cidade inteira atrás dos famosos bolinhos de macaxeira que são feitos na antiga penitenciária que virou centro de turismo (Rua Aderbal de Figueiredo, 980 Petrópolis). Por incrível que pareça não encontrei um potiguar que soubesse onde ficava o local. Mas quem tem Google Maps vai à Roma! E assim o fiz. Chegando lá provei dos afamados bolinhos e bebi a já cantada cajuína. Eu não gostei de nenhum dos dois. Mas há quem goste.

Como a regra era provar de tudo um pouco, acabamos chegando ao restaurante italiano Da Roberto (Rua Praia de Pirangi, 2186 - Rota do Sol, Ponta Negra). O restaurante estava vazio e até achei que estivesse fechado. Descobri que estava aberto quando um funcionário vestido com uma espécie de uniforme de gala veio me atender. Aí fiquei em dúvida em relação a minha entrada no restaurante. Sabe como é...carioca, no pós praia às 20:00h, de chinelo Havaianas e boné, e o lugar, à primeira vista me pareceu formal. Depois descobri que não era assim tão formal. Estava mais para irregular. Parecia um ambiente que queria muito ser chique mas não era. O serviço era pretensioso, mas os objetos que compunham a mesa , como por exemplo o apoio do prato, e mesmo o banheiro não eram. Parecia que você tinha sido transportado para outro lugar.
A comida, talharim ao frutos do mar, estava divina. Então, valeu a visita.

Apesar de sempre querer encontrar comidas que me agradem em cheio, a busca não faria sentido se eu sempre soubesse o que me espera. A expectativa, o inesperado, enfim, a experimentação é o que interessa.

Até a próxima!


Pílulas - Sacanagem!!


Caaaaaaaalma caro leitor.
Preste bastante atenção a sacanagem da qual estou falando!
Sucesso nas festinhas dos anos 80, o espetinho de legumes com salsicha e azeitona, apelidado carinhosamente com o malicioso nome de "sacanagem", pode ser apreciado no Botequim Vaca Atolada (Av. Gomes Freire, 533 - Centro, Rio de Janeiro) acompanhado por uma cerveja bem gelada.