28 de jul. de 2008

Los Hermanos

Argentina ao alcance de todos!

A coisa está mais ou menos nesse nível! Ir para Buenos Aires está ficando mais corriqueiro do que ir para Cabo Frio e é mais barato do que ir para o Nordeste. Não que eu tenha ido milhares de vezes para Buenos Aires...na verdade fui uma vez só. E gostei. Gostei muito. Bem, gostei muitíssimo! Voltarei!


Foram 3 dias de intensas caminhadas, corridas de táxi e muita gastronomia. Não era pra menos, já que a oferta é vasta, o preço extremamente acessível e o horário de funcionamento dos bares/ cafés/ restaurantes varam a madrugada.

Hospedado no bairro de Monserrat, entre a Rivadavia e a Nove de Julio, região central de Buenos Aires, logo no primeiro dia, por volta das 02:00h fui conhecer os bares da região. Depois da caminhada, a pedida foi vinho tinto, jamon serrano, salada russa e pão na calçada de um restaurante modesto e com atendimento caloroso, mesmo com o frio que estava fazendo. Nota 10.

No café da manhã não quis comprometer o apetite com frutas ou bolos e ataquei de espumante com doce de leite e pão. Desjejum dos sonhos, mas o medo da cirrose me levou a experimentar esta maravilha apenas uma vez.

O restaurante Plaza Mayor (Calle Venezuela, 1399, em San Telmo, é típico restaurante espanhol, em Buenos Aires. E é bom. Muito bom. A decoração, em vermelho, chama a atenção com as paredes cobertas de leques e o quadro de uma bela jovem espanhola, que vigia os comensais, enquanto mostra suas costas nuas, sua flor no cabelo e toda a sua altivez.

O pão, quentinho e com recheio de azeitonas pretas, vem antes do cardápio. Para aguardar a Paella Valenciana, tapas.

No Plaza Mayor comi o melhor jamon serrano desses meus dias em Buenos Aires. Cortado fininho, sal na medida certa, macio, gosto delicado e molhadinho.

A Paella, como era de se esperar, perfeita e bem servida. A pequena dá para duas pessoas.
O curioso é que, apesar de cheio, tinha sempre gente na porta do restaurante. As pessoas formavam fila, entravam, e não demorava muito iam embora com uma sacola nas mãos. Ao final da refeição o segredo foi descoberto.

Era o que os portenhos chamam de pan dulce! Um irresistível pão doce cravejado de frutas secas, nozes e castanhas. A tradição é comer o pão acompanhado de uma grande caneca de sidra. Eu, como bom carioca, fui de café mesmo.

A cerveja é bebida em garrafas de 1 litro. É super normal ver pessoas andando pelas ruas com suas garrafas gigantescas em punho. É uma mania difícil de não ser copiada.

Todo mundo sabe que o tango é a dança típica da Argentina. E que ir à Argentina sem assistir a um show de tango é não ir à Argentina, e coisas do gênero. Mas pensei que eu, sentado em uma cadeira de restaurante argentino, assistindo a um show de tango seria tão suspeito quanto os que se sentam em frente às mulatas num show de samba, no Plataforma.

Declinei do programa e fui direto para a o La Viruta (Armenia, 1366, entre Cabrera e Niceto Vega), em Palermo Viejo, assistir a uma milonga. O baile acontece no subsolo do clube e vai até às 04:00h da manhã.

E a carne? Decidi não arriscar e parti para o óbvio. Jantar no Cabaña Las Lilas (Alicia Moreau de Justo, 516), em Puerto Madeiro. Lugar sóbrio, com as pessoas elegantes chegando, o vento frio batendo e o Rio da Prata ao lado.

Acho que ir ao Cabaña é mais turistão do que show de tango. Mas a carne é absurdamente boa! Gostei mais do t-bone steak do que do ojo de bife, apesar de este último poder ser cortado até com aquelas faquinhas insuportáveis de plástico.

O único problema é que o restaurante é muito barulhento. Marinheiro de primeira viagem, não sabia que tinha outro salão, espécie de anexo, muito mais tranqüilo do que o salão principal com sua correria, decibéis elevados e a fumaça dos tabagistas.

Após o jantar, nada como uma boa caminhada. Então caminhei por aproximadamente 4 horas! Tanta caminhada que fiquei com aquela fomezinha. Aquela suficiente para um cafezinho de fim de noite. Ou madrugada, já que o relógio marcava 03:30h da manhã. Então a pedida foi Café Tortoni (Avenida de Mayo, 825-829, Centro). Fundado em 1858 é o mais antigo café de Buenos Aires. O sanduíche de miga é perfeito. Assim como o chocolate quente, que de tão concentrado precisa de um pouco de leite para dilui-lo, após ser depositado no copo.

Da Recoleta trago a lembrança de um hermano “malandro” querendo me cobrar os tubos para eu entrar numa boate. Quando estava pensando o motivo de preço tão elevado eis que surge uma multidão ululante a subir as escadas do clube sem nem sequer notar a presença do rapaz. Fiz a esperada pergunta – Porque estas pessoas subiram e não pagaram nada? E obtive resposta a altura – É porque eles são meus amigos...

Fala sério! Saio daqui do Rio de Janeiro para ser vítima de migué em Buenos Aires! Sem chance! Peguei um táxi e fui para outro lugar. Acabei encontrando um bar, com iluminação à vela e que tocava tudo o que fez sucesso aqui no Brasil nos anos 80. Black Box, Technotronic e Erasure eram a trilha sonora.

No dia seguinte voltei à Recoleta para tomar café da manhã no Alvear Palace Hotel (Avenida Alvear, 1891). É um lugar muito charmoso, elegante, lindo! E atento aos detalhes. Tudo no seu devido lugar. Ali você realmente consegue agradar aos cinco sentidos. A suntuosidade do local, o paladar da refeição, o aroma do café o quase silêncio do salão e o abraço da maravilhosa companheira eternizaram o momento.

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Trilha Sonora:

JOHN COLTRANE
Blue Train

THE SMASHING PUMPKINS
Mellon Collie and The Infinite Sadness - Down to dusk

FÁTIMA GUEDES
Muito Intensa

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