28 de set. de 2011

Matando a saudade: Nova Capela e Diário de Bar

Hoje é dia de matar a saudade. Matar a saudade de duas coisas. A primeira é a do blog, que não escrevo há uns dois anos. Prometo a mim mesmo que não pararei mais, já que escrever é um dos grandes prazeres que eu tenho, ainda mais sobre comida. A outra saudade a matar é a do restaurante Nova Capela, onde almocei semana passada e não passava por lá há uns três bons anos. Se arrependimento matasse, como deixei de frequentá-lo por tanto tempo?

Para quem não é do Rio, ou é, mas não conhece, o Nova Capela é um restaurante da Lapa, quase centenário que tem o melhor cabrito da cidade. Posso dizer que o leitão também está entre os melhores. O Nova Capela já viveu a época de ouro do bairro e passou pela decadência local, antes do renascimento no final dos anos 90, sem nenhum arranhão, melhor, ainda mais fortalecido.

Neste ano, o restaurante saiu com a avaliação de três estrelas, a maior nota no livro Rio Botequim, da editora Casa da Palavra. Esse livro é lançado todo ano, mas neste ano resolvi dar uma atenção maior a ele. Ou seja, andarei frequentando os bares desse “guia” para matar a saudade de alguns, conhecer outros e “auditar” todos que passar. Confesso que senti falta de alguns, mas como o livro é anual, acredito que já tenham passado por ele ou virão no próximo ano, de acordo com as avaliações. Mas isso não vem ao caso, já que o assunto é o Nova Capela.

Pra variar, a casa estava um pouco cheia, com filinha de uns 15 minutos. Bom sinal, o restaurante ainda continua bem frequentado. Conseguimos mesa para três, perto do balcão e de uma das paredes. A primeira coisa que reparei foi a decoração, que não mudou em nada e continua mostrando o lado nostálgico da Lapa. Pra não dizer que nada mudou, estavam pendurados mais quadros de condecorações e reportagens sobre o Nova Capela. Mais uma prova da qualidade local.

Bom, de entrada, pedimos dois bolinhos de bacalhau para cada um e um chopp da Brahma, bem gelado (como se precisasse dizer isso para o garçom). Pra minha felicidade, vieram os bolinhos em menos de cinco minutos e parecendo uma bola de tênis cada um. Pra minha fome, estava perfeito o tamanho. Nunca havia comido o bolinho de lá! Para quem aguenta o tranco, vai fundo! O bicho vem pelando, crocante por fora e recheado por dentro. Dei aquela quebrada nele, banhei no azeite e fui pro abraço. Perfeito!

Prontos para o jogo, eu e meus amigos fomos de Cabrito, com arroz de brócolis e batatas coradas. A travessa veio caprichada e ainda rolou um potinho com alho frito e uma pimenta, que achei muito fraquinha. Acredito que essa seja minha crítica. A pimenta não tinha gosto.
Já o cabrito, só vendo. Era um negócio meio assustador (de bom), até pra mim, que aguenta a maior das refeições. Vieram três peças uma pra cada um, mas cada uma delas parecia uma tora de uns 600 gramas cada (vide foto). Quase chorei de emoção.

Como curiosidade, o cabrito começa a ser assado no dia anterior, na brasa, por volta das 15h, e o fogo só é apagado quando o restaurante fecha. O resto fica por conta da parede de pedra quente.

A carne tava maravilhosa, e a combinação do arroz de brócolis e da batata corada fica perfeita com ele. Ela desfia no garfo e é altamente saborosa. De tempero, aproveitei o azeite e joguei um acho no arroz, ficou ótimo.

O triste depois é ficar de pé. Aconselho a quem for no Nova Capela, não ter nada marcado para depois, porque a melhor sobremesa é uma dormida, melhor ainda se for no sofá da sala.

Matei a saudade, comi bem demais, fiquei pensando no prato durante alguns dias depois e prometo voltar lá sempre que puder. E falo mais, quem não gosta do Nova Capela ou é maluco da cabeça ou doente do pé.

Crédito para a foto: Romulo Buissa
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Serviço:
Av. Mem de Sá, 96, Lapa
(21) 2252.6228
a partir de 12:00 hs
Dinheiro, Cheque, Todos os Cartões

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bom que voltou a postar no blog! Sabe q sou fã da novidades gastronômicas. Abs. Larissa Bordignon

Flavio Ezequiel disse...

Larissa, que bom ver você por aqui!
Em primeiro lugar gostaria de me desculpar por somente agora estar lhe respondendo. Depois que minha filha nasceu, há mais de 1 ano e 4 meses, é a primeira vez que volto ao blog.

O texto do Nova Capela foi escrito pelo meu parceiro de Blog, Vinícius Villas Boas. O texto está perfeito e me fez lembrar dos meus almoços recentes no restaurante. Até porque agora eu trabalho mais perto dele, na altura da Cinelândia.

Não sei se vocês sabem, mas lá no Nova Capela tenho o hábito de comer arroz de polvo. Para mim o de lá, absurdamente gostoso, só é comparável ao do Caldo de Piranha, restaurante de Teresópolis.
Recomendo os dois!

Flavio Ezequiel.